De 2000 a 2010, multiplicou-se por vinte vezes o número de órgãos que ganham dinheiro federal em troca de propaganda. Informação oficial sobre políticas públicas chega hoje a veículos de meio Brasil, mas, sem a inflação, gasto do governo subiu metade do crescimento do PIB e até caiu, no caso das estatais.
André Barrocal
BRASÍLIA – A primeira década do século XXI assistiu a uma pulverização da verba publicitária do governo federal que multiplicou por vinte vezes o número de veículos de comunicação que recebem dinheiro público em troca de propaganda oficial. Hoje, esse tipo de conteúdo chega à metade dos municípios do país. Essa democratização pouco mudou a fatia de cada mídia (TV, rádio, jornal, revista, internet) no total aplicado pelo governo – o movimento mais significativo foi a queda dos jornais na proporção da subida da internet. Mas produziu desconcentração em cada segmento - grupos grandes repartem o quinhão com uma miríade de microempresas. E a um custo para o Estado que não pode ser chamado de explosivo, diante da inflação e do crescimento econômico no período.
Hoje, há mais de oito mil veículos pagos para veicular propaganda federal, distribuídos em 2.733 municípios, segundo a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República. São 2.861 rádios (36%), 2.097 jornais (26%), 473 TVs (5%), 151 revistas (2%) e 2.512 (31%) de um grupo que inclui internet, outdoor, cinema e mídia no exterior. Dez anos antes, em 2000, a publicidade oficial espalhava-se por algo em torno de 400 veículos. No início do governo Lula, em 2003, havia 499 órgãos a veicular propaganda oficial, em 182 municípios.